quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

ex-Papa

Veja dez fatos sobre a vida de aposentado do futuro ex-Papa

Em situação inédita há mais de 6 séculos, Bento XVI manterá títulos e algumas regalias; veja o que muda na vida dele.

Da BBC
41 comentários
Dezenas de milhares de pessoas são aguardadas nesta quinta-feira (28) na Praça de São Pedro, no Vaticano, para acompanhar os últimos compromissos do Papa Bento XVI antes de efetivar sua renúncia, a primeira de um sumo pontífice em mais de 600 anos.
Com o abandono do cargo, a vida de Bento XVI passará por mudanças importantes. Conheça dez delas:
1. Nome e título
A partir de sexta-feira, Bento XVI será conhecido como papa emérito ou bispo emérito de Roma.
O pontífice, entretanto, continuará sendo chamado por seu título papal, Bento XVI, em vez de voltar ao seu nome de nascimento, Joseph Ratzinger, além de manter a alcunha de 'Sua Santidade Bento XVI'. Tratamento semelhante é dado a ex-presidentes dos Estados Unidos, por exemplo. Estes continuam sendo chamados de presidentes mesmo depois de deixar a Casa Branca.
'Emérito' significa 'aposentado' em latim, a língua oficial da Igreja Católica, e advém do verbo emereri, ou seja, alguém que deixa de oferecer seus préstimos.
2. Nova casa
Bento XVI deixará o Vaticano em um helicóptero antes de que sua renúncia seja efetivada, às 20h (16h de Brasília) desta quinta-feira.
Ele partirá rumo à residência papal de Castel Gandolfo, ao sul de Roma, onde deve permanecer por três meses.
Ao fim desse período, o então ex-pontífice voltará ao Vaticano e passará a viver em um antigo convento conhecido como Mater Ecclesiae, localizado no extremo sudoeste do Vaticano.
Notícias veiculadas pela imprensa italiana indicam que os jardineiros do futuro local de residência de Bento XVI continuarão cultivando, em um quintal de 500 metros quadrados, frutas e vegetais orgânicos que servem ao papa, em especial uma marmelada de laranja.
3. Vestuário
O papa emérito continuará se vestindo de branco, em vez do negro sacerdotal ou do vermelho cardinalício.
No entanto, a roupa será restrita a uma batina simples, sem os chapéus elaborados (como o solidéu, que se assemelha ao quipá usado pelos judeus) e outras peças que compuseram sua imagem durante seu papado (e que levaram o jornal 'Wall Street Journal' a questionar, por exemplo, se o pontífice vestia-se com a grife italiana Prada).
Bento XVI também abdicará de seus sapatos vermelhos por outros de tonalidade marrom e feito à mão por um sapateiro no México durante sua mais recente visita ao país latino-americano, ocorrida no ano passado.
4. Anel
O anel de ouro papal, conhecido como o 'Anel do Pescador' e que simboliza o sucessor de Pedro, apóstolo de Jesus Cristo e considerado o primeiro Papa da Igreja Católica, será destruído com um martelo de prata especial tão logo Bento XVI deixe o cargo.
'Os objetos estritamente ligados ao ministério de São Pedro devem ser destruídos', indica o Vaticano. Seu selo pessoal também será descontinuado.
5. Responsabilidades
Bento XVI não terá mais responsabilidades administrativas ou oficiais. Também não participará do conclave que escolherá seu sucessor.
No entanto, sua influência deve ser sentida, uma vez que foi ele quem indicou 67 dos atuais 115 cardeais que participarão da eleição.
Muitos deles vêm lendo os discursos dados por Bento XVI antes de sua aposentadoria para tratar de identificar elementos-chaves sobre quais qualidades ele acredita que seu sucessor deve ter.
6. Vida no confinamento
Ao anunciar sua renúncia, o Papa afirmou que dedicará seu tempo a orar pela Igreja. Em entrevista à imprensa, seu irmão mais velho, Georg Ratzinger, disse que Bento XVI demonstrou o interesse de assessorar seu sucessor se for solicitado.
O pontífice indicou que se dedicará a ler e a escrever.
Teólogo conceituado, Bento XVI tinha uma biblioteca de 200 mil livros localizada em um dos aposentos papais no momento em que foi eleito em 2005. O atual papa também gosta de tocar piano e ver filmes de comédia em preto e branco, além de ser apaixonado por gatos.
Sabe-se que possui pelo menos uma, apelidada de Contessina (condessa, em italiano), que vive em Mater Ecclesiae.
7. Redes sociais
A conta do Twitter do Papa, @pontifex e suas versões em oito diferentes idiomas, serão desativadas quando Bento XVI deixar de ser papa.
Desde que inaugurou as contas, no final do ano passado, o pontífice somou 2,5 milhões de seguidores. Não é sabido, por enquanto, se Bento XVI levará consigo o iPad papal.
Durante o interregnum, o período entre dois papados, o Vaticano fará atualizações que serão distribuídas pela conta do atual secretário de Estado, Tarcisio Bertone (@Terzaloggia).
8. Proteção 'dourada'
Ainda que seus planos de aposentadoria possam parecer modestos para um ex-pontífice, Bento XVI, enquanto arcebispo, manterá seu generoso seguro-saúde pago pelo Vaticano e possivelmente terá acesso aos mesmos médicos que o tratavam no cargo.
O Papa Emérito será cuidado por um pequeno grupo de freiras alemãs que o atendem desde que foi nomeado chefe da Igreja Católica.
Como o último Papa renunciou há mais de 600 anos, não há precedente sobre um plano de pensão papal, mas as leis canônicas requerem que cada diocese ampare seus clérigos aposentados.
Como Bento XVI será Papa Emérito, Roma provavelmente cuidará que não lhe falte nada.
9. Secretário pessoal
O secretário pessoal de Bento XVI, o fotogênico arcebispo alemão Georg Gänswein, que aparece atrás do pontífice em fotos, não se dedicará exclusivamente ao papa emérito.
Ele não só cuidará dele, como também de seu sucessor.
10. Infalibilidade
Há uma falsa ideia amplamente difundida sobre a infalibilidade do Papa sobre o que diz ou faz.
De fato, o Concílio do Vaticano de 1870 determinou que as decisões do Papa são infalíveis (ou seja, estão sempre corretas) somente quando são feitas ex cathedra, como parte de uma declaração doutrinal sobre a Igreja. Bento XVI nunca invocou tal privilégio (e, na prática, apenas uma declaração dessas foi emitida desde 1870).
Quando renunciar, o Papa não poderá mais emitir qualquer declaração ex cathedra.
28/02/2013 12h02 - Atualizado em 28/02/2013 12h07

'Ele se lembrou que já esteve em casa', diz D. Geraldo sobre Bento XVI

Cardeal falou ao G1 sobre cumprimento pessoal do Papa em seu último dia.
'Não existe isso de pegar um Papa de transição', diz brasileiro.

Eduardo Carvalho Do G1, em São Paulo
6 comentários
Cardeais acompanham a audiência com Bento XVI em seu último dia como Papa (Foto: Reuters/Osservatore Romano)Cardeais durante audiência com Bento XVI nesta
quinta- feira (Foto: Reuters/Osservatore Romano)
Um clima cordial e de agradecimento marcou o último encontro do Papa Bento XVI com cardeais presentes no Vaticano nesta quinta-feira (28), relatou ao G1 Dom Geraldo Majella Agnelo, cardeal arcebispo emérito de Salvador. Ele contou também o que o pontífice falou ao se encontrar com o brasileiro na última audiência e disse que não crê na chance de o conclave eleger um "Papa de transição".
Desde segunda-feira (25) no Vaticano, Dom Geraldo teve a oportunidade de se despedir pessoalmente de Bento XVI que, a partir das 20h (16h, horário de Brasília), deixa vago o cargo de líder da Igreja Católica e passa a ser tratado como Papa Emérito.

“Ao cumprimentá-lo, ele se recordou que eu morava no alto do Palácio Santo Oficio, onde está sediada a Congregação para a Doutrina da Fé, da qual ele era o prefeito [quando cardeal]. Todos os dias nos encontrávamos, quando eu saía e quando ele chegava. Ele se lembrou que já esteve em casa conosco por horas, recordou com detalhes algo que foi próprio para mim”, disse Dom Majella.
dom geraldo magella (Foto: Ida Sandes / G1)O cardeal brasileiro Dom Geraldo Majella, que está
no Vaticano desde segunda-feira (Foto: Ida Sandes / G1)
O cardeal brasileiro, que é um dos cinco representantes do país durante o conclave que vai eleger o novo Papa, afirmou ainda que Bento XVI fez um agradecimento muito grande aos presentes na audiência – cerca de cem cardeais -- e pediu a todos que ajam pelo bem da Igreja e “continuem tendo obediência ao próximo Papa”.
Ele apontou também a existência de uma discussão paralela dentro da Igreja, mesmo que fora do Colégio de Cardeais, da possibilidade de se eleger um Papa de transição, que permanceria no cargo para que seja concluída a preparação de um novo representante.
“Às vezes podemos pensar 'bom podemos fazer um Papa passageiro, um Papa de transição, para que venha depois um outro que será formado'. Ouvimos essa questão por fora, não dentro do Colégio dos cardeais, mas não existe isso de pegar um Papa de transição”, explicou.
Ele não considera que o cardeal Joseph Ratzinger tenha sido um Papa de transição -- devido à sua idade avançada quando foi eleito. "Ele era prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, um dicastério importante, e fazia com autoridade seu trabalho. Ele se destacava perante os demais que podiam ter sido eleitos como Papa", explicou.
Brasileiros não votarão em bloco
Sobre o conclave, Dom Geraldo disse que um clima de "muitas interrogações" antecede este conclave, que, segundo ele, deve ser ligeiramente diferente do processo que elegeu Bento XVI. "É uma passagem, eu acredito que toda passagem deixa muitas interrogações".

Ao G1, Dom Majella disse que os cardeais brasileiros que participarão do conclave já se reuniram algumas vezes no Vaticano ao longo desta semana. No entanto, não teriam conversado sobre em quem votar ou mesmo combinar um candidato único para o conclave – uma votação única do bloco de cardeais brasileiros.
“Não conversamos sobre isso, não fizemos e não faremos. Os encontros são somente para gente ver como será o conclave. Não conversarmos para indicar algum nome”, explica.
Além dele, os demais brasileiros concorrentes e votantes são o arcebispo emérito de São Paulo, Dom Claudio Hummes, de 78 anos, Dom João Braz de Aviz, de 65, o arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, de 63, e o arcebispo de Aparecida e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Raymundo Damasceno.
Papa Bento XVI deixa o papado nesta quinta-feira (28) (Foto: Reprodução/Globo News)Papa Bento XVI deixa o papado nesta quinta-feira (28) (Foto: Reprodução/Globo News)
Perfil carismático e doutrinador
Questionado se o novo pontífice deve ser mais carismático, como foi o Papa João Paulo II, ou mais doutrinador, como Bento XVI, Dom Geraldo Majella disse que o eleito pelo conclave deverá ter as duas características.
"Tem que ser alguém que guie os cristãos, que esteja atento à palavra de Deus e a coloque em prática. Ao mesmo tempo, [deve ser] um pastor que considere presente os desafios que a Igreja tem hoje, que não são de agora, sempre existiram e vêm desde o inicio do Cristianismo. Que ele seja um pastor que atenda as solicitações da própria Igreja, no sentido que possa esclarecer e nos ensinar".
Preferidos
Dom Geraldo Majella preferiu não falar especificamente sobre as chances de outros cardeais no conclave, mas disse que alguns movimentos de dentro da Igreja já teriam seus preferidos. "Pode ser que algum [candidato] que esteja ligado a algum movimento será distinguido para ser eleito (...), mas os cardeais não aceitam isso", comentou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário