O hábito de ir ao salão de beleza toda semana pode não pesar tanto no
bolso no fim do mês, dependendo do local onde a cliente escolhe para se
cuidar. Um corte de cabelo, por exemplo, custa a partir de R$ 2 em
centros de formação de profissionais, ou seja, 93% menos do que em
tradicionais salões de rua, que cobram, em média, R$ 30 pelo serviço.
A
diferença é ainda maior na comparação com estabelecimentos em shopping
centers. Neles, o corte feminino sai por cerca de R$ 35. Ou seja, quem
vai ao salão-escola economiza 94%.
A variação no preço de outros
tratamentos também surpreende. O Werner Academia, em Copacabana, na Zona
Sul, cobra a partir de R$ 40 pela hidratação do cabelo, 65% menos do
que os R$ 114 pagos num salão normal da rede no mesmo bairro.
A
escova de cabelo no Instituto L'oreal, no Centro do Rio, custa a partir
de R$ 15: 50% mais barato do que o menor preço encontrado em shoppings —
R$ 30.
O Salão Escola Instituto Embelleze, em Nova Iguaçu, cobra
R$ 10 pelo embelezamento do pé e da mão. Num salão próximo, o serviço
sai por R$ 18. Num estabelecimento localizado num shopping do município,
o atendimento custa R$ 30. Dessa forma, quem escolhe o instituto
economiza 66%, em relação ao salão de shopping, e 44%, em relação à loja
de bairro. Valmira da Conceição frequenta o local.
— Faço depilação, unha e cabelo sempre aqui. Eles me chamam até de sócia — afirma.
Valmira frequenta o Instituto Embelleze em Nova Iguaçu Foto: Freelancer / Agência O Globo
A auxiliar de cozinha também tem outras dicas para quem quer economizar.
—
Em algumas lojas de cosméticos, o tratamento para o cabelo sai de graça
na compra de um determinado produto. Eu sempre aproveito — diz. Supervisão
Nesses
institutos de formação, os alunos de cursos que preparam cabeleireiros,
manicures e depiladoras botam em prática os conteúdos que aprenderam em
aulas teóricas. Em alguns deles, é preciso agendar o atendimento com
antecedência, e outros funcionam por ordem de chegada. Os serviços são
feitos sob a supervisão e a orientação de professores.
Roberto
Zentgraf, economista do Ibmec, lembra que os consumidores devem
pesquisar e experimentar novos estabelecimentos, mas sempre com cuidado
em relação à qualidade do serviço, para não haver arrependimentos:
— Na prestação de serviços, não necessariamente o mais barato é o pior. Clientes querem preços baixos e qualidade
Luci vai à pedicure, Almir corta o cabelo, Valmira depila a sobrancelha, Valéria faz as unhas e Germana faz relaxamento
“A
vaidade não pode atrapalhar o orçamento”, essa é a explicação da
aposentada Luci Pereira da Silva, de 59 anos, para mostrar por que
frequenta os centros de formação de profissionais:
— Sou muito bem atendida, e o precinho é ótimo!
A
fisioterapueta Germana Mello, de 45 anos, também aprova os serviços dos
salões-escola, onde costuma fazer relaxamento no cabelo.
— Minha
tia e minha mãe também frequentam. No início, tive receio, mas vi a
organização e gostei do resultado, no cabelo e no bolso — diz. Almir de Sousa não gasta muito na hora de cortar o cabelo Foto: Freelancer / Agência O Globo
O metelúrgico Almir Pereira da Silva, de 50 anos, também não
gasta muito na hora de cortar o cabelo, pois compara os preços e a
reputação dos estabelecimentos:
— É preciso confiar no profissional, e isso não tem a ver com preço. Já paguei caro por um corte e fiquei insatisfeito.
A pedagoga Valéria Machado, de 42 anos, cuida das unhas em salões de bairro, pois considera o serviço muito caro nos shoppings.
— Só faço em caso de emergência — diz.
Quem já deixou de pagar parcelas de produtos ou serviços comprados a
prazo sabe bem o que acontece: o nome vai parar no Serviço de Proteção
ao Crédito (SPC). Mas, e se o órgão encarregado de informar ao mercado
quem está inadimplente não honrar seus próprios compromissos? É por essa
situação, no mínimo inusitada, que a Câmara de Dirigentes Lojistas do
Rio de Janeiro, detentora da marca SPC na cidade do Rio, está passando.
Em valores atualizados, a entidade deve R$ 306.403,12, relativos a
aluguel, condomínio e Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial
Urbana (IPTU) atrasados.
A cobrança do débito vem sendo discutida
na Justiça desde novembro de 2005. A quantia refere-se ao uso de salas
comerciais num edifício localizado na Rua da Carioca 32, no Centro do
Rio, onde eram feitas consultas ao cadastro do SPC. O primeiro contrato
entre a Câmara de Dirigentes Lojistas e a Beneficência Portuguesa, dona
do prédio, foi assinado em 1 de junho de 2004.
Naquela época, o
custo de locação de quatro salas foi fixado em R$ 450 por mês. O acordo
valia até 31 de maio do ano seguinte, mas a Câmara pagou apenas um mês
de aluguel naquele período.
— Foi proposta uma ação de despejo.
Mas, como as salas precisavam de obras, que a Câmara fez, houve um
acordo segundo o qual se descontariam os aluguéis vencidos, em troca das
despesas com os reparos, e sobraria um crédito para aluguéis futuros —
disse o advogado da Beneficência Portuguesa, José Roberto Ramos Paulo.
A
Câmara de Dirigentes Lojistas, porém, acabou não cumprindo o acordo e
voltou a atrasar aluguel, condomínio e IPTU. O novo débito deu origem a
outra ação judicial, que resultou, em 2012, no despejo do SPC do prédio
da Rua da Carioca. Câmara em silêncio
Procurados,
representantes da Câmara de Dirigentes Lojistas não quiseram se
pronunciar sobre a dívida das salas do SPC. O advogado da entidade,
Oscarino Arantes, afirmou que não comentaria ações judiciais em
andamento. O presidente da Câmara, Carlos Monjardim, foi procurado, mas
não respondeu aos contatos feitos pelo EXTRA. Na última sexta-feira,
foram deixados quatro recados para ele na nova sede da entidade. Por
telefone, as funcionárias disseram que Monjardim estava numa reunião.
O
advogado da Beneficência Portuguesa, José Roberto $Paulo, afirmou ter
pedido ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) o sequestro dos
bens da Câmara para garantir o dinheiro para quitar a dívida, mas o
órgão alega não ter esses bens, já que é uma entidade sem fins
lucrativos. “É muita cara de pau”, afirma o representante da
Beneficência Portuguesa, num dos trechos da ação de cobrança.
Há
cerca de um ano, o SPC se mudou para duas salas de um prédio da Avenida
Treze de Maio, no Centro. Segundo a administração do edifício, pelo
menos o condomínio está em dia até agora. Promessa
De
acordo com o processo, em fevereiro de 2007, o presidente da Câmara de
Dirigentes Lojistas do Rio, Carlos Monjardim, enviou um e-mail à
Beneficência Portuguesa, sugerindo pagar o aluguel daquele mês, “para
não mais atrasar”, e acertar posteriormente a dívida. Crédito
O crédito ganho pela Câmara, na época do acordo pelas obras realizadas, valia apenas para os aluguéis. Sem disputa
Aldo
Carlos de Moura Gonçalves, presidente do Clube de Diretores Lojistas do
Rio de Janeiro, outra entidade que representa o comércio e nada tem a
ver com essa dívida de aluguel, esclareceu que não existe uma disputa
judicial pela marca SPC: “A sigla era nossa até a década de 70, mas o
registro não foi renovado e nós criamos, em 2011, o Serviço Central de
Proteção ao Crédito (SCPC)”.
Parar o carro em estacionamentos de shoppings do Rio está até 83%
mais caro do que há dois anos, quando entrou em vigor uma lei estadual
determinando a cobrança fracionada — em que o cliente paga pelo tempo em
que, de fato, fica no local. A alta se mostra ainda mais gritante ao
ser comparada à inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE, de 13,69% no período.
Autora
da lei e atual secretária estadual de Defesa do Consumidor, Cidinha
Campos critica os valores, mas diz que não há como combater os aumentos:
— Os preços são livres no Brasil — afirma Cidinha.
A
polêmica da cobrança fracionada nos shoppings voltou à tona no início
deste ano, quando a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) conseguiu
derrubar uma liminar que suspendia os efeitos da lei desde abril de
2011. A partir de então, equipes do Procon-RJ começaram a visitar os
estabelecimentos para exigir o cumprimento. Mas, em alguns casos, o tiro
saiu pela culatra. No NorteShopping, os R$ 7 pelo período fechado de
três horas, em prática até o mês passado, passaram a ser cobrados pela
fração de uma hora. Para ficar três horas, o valor passou a R$ 10 — 43% a
mais.
O advogado do Sindepark-Rio — órgão que representa os estacionamentos — José Maquieira critica a lei.
—
Quando um veículo entra no estacionamento, não importa se só ficou um
minuto. O custo operacional tem início, exigindo uma base mínima de
cobrança — diz.
O vendedor Luiz Cláudio Silva, de 50 anos, discorda do critério dos shoppings.
—
Fiquei 30 minutos, mas tive que pagar o valor de quatro horas —
reclamou Luiz, no Via Brasil, em Irajá, shopping que conseguiu um
mandado de segurança para não ser autuado pelo Procon por não adotar a
cobrança fracionada. Janeiro de 2011: Sancionada pelo governador
Sérgio Cabral, em janeiro de 2011, a Lei 5.862/2011 determina que os
shopping centers tenham uma tabela com o preço do estacionamento
fracionado por hora. Março de 2011: O Sindepark
entrou com uma representação de inconstitucionalidade no Tribunal de
Justiça do Rio (TJ-RJ). Uma liminar foi concedida, suspendendo os
efeitos da lei em todos os centros comerciais do Estado do Rio. Retorno:
Desde então, os estabelecimentos voltaram a decidir a forma de cobrança
pelo uso das vagas de estacionamento. A maior parte manteve a tabela
com períodos únicos de cobrança — com três, quatro ou até cinco horas de
duração — e a cobrança adicional fracionada no período usado além desse
período. Janeiro de 2013: A Assembleia
Legislativa do Rio (Alerj) conseguiu derrubar a liminar do Sindepark, a
partir de uma reclamação feita ao Supremo Tribunal Federal (STF). A
cobrança fracionada voltou a ser obrigatória nos shoppings. Março 2013:
Os shoppings entraram com ações individuais na Justiça para impedir que
o Procon fiscalize o cumprimento da lei e aplique multas. Parte deles
já conseguiu o mandado de segurança judicial.
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