O ex-deputado estadual gaúcho e ex-marido da presidente Dilma
Rousseff, Carlos Araújo, aproveitou o breve depoimento sobre as torturas
a que foi submetido durante o regime militar brasileiro, em audiência
da Comissão Nacional da Verdade nesta segunda-feira, em Porto Alegre,
para cobrar que as investigações incluam os "torturadores da Fiesp
[Federação das Indústrias de São Paulo]".
"Tenho certeza de que a
Comissão da Verdade vai entrar neste antro da Fiesp, que foi responsável
não só por financiar, mas também por assistir e estimular a tortura",
disse o ex-deputado, filiado ao PDT. Ele referiu-se à entrevista
publicada no fim de semana pelo jornal "O Estado de S. Paulo", na qual o
presidente da comissão, Paulo Sérgio Pinheiro, afirmou que as apurações
vão revelar todas as cadeias de comando da repressão, "de general a
torturador"
"Não foram poucos os empresários que iam para a sala
de tortura estimular os torturadores e se envaidecer com a tortura dos
nossos companheiros", acrescentou Araújo, citando ainda Nestor
Figueiredo, "que está na cúpula da Fiesp até hoje", como responsável
pela atuação da entidade. De acordo com ele, a investigação sobre a ação
da federação durante a ditadura é importante "politicamente e
ideologicamente" porque a "direita raivosa está por aí".
Em
resposta ao ex-deputado, Pinheiro disse que o financiamento da repressão
durante o governo militar é uma das linhas de trabalho da comissão. Ele
reconheceu que é uma "linha delicadíssima", mas reiterou que não
considera de "grade valia" divulgar todas as descobertas "a cada
momento".
No depoimento durante a audiência pública, Araújo
lembrou que foi preso e torturado pela "equipe do [delegado Sérgio
Paranhos] Fleury", que na época chefiava a Delegacia de Ordem Polícia e
Social (DOPS). Depois disso, ficou "muito tempo" hospitalizado em função
das sequelas e em seguida novamente torturado, desta vez pela equipe da
Operação bandeirantes (Oban) chefiada pelo "capitão Albernaz".
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