segunda-feira, 18 de março de 2013

Ex-marido de Dilma quer que Comissão da Verdade investigue empresários

O ex-deputado estadual gaúcho e ex-marido da presidente Dilma Rousseff, Carlos Araújo, aproveitou o breve depoimento sobre as torturas a que foi submetido durante o regime militar brasileiro, em audiência da Comissão Nacional da Verdade nesta segunda-feira, em Porto Alegre, para cobrar que as investigações incluam os "torturadores da Fiesp [Federação das Indústrias de São Paulo]".
"Tenho certeza de que a Comissão da Verdade vai entrar neste antro da Fiesp, que foi responsável não só por financiar, mas também por assistir e estimular a tortura", disse o ex-deputado, filiado ao PDT. Ele referiu-se à entrevista publicada no fim de semana pelo jornal "O Estado de S. Paulo", na qual o presidente da comissão, Paulo Sérgio Pinheiro, afirmou que as apurações vão revelar todas as cadeias de comando da repressão, "de general a torturador"
"Não foram poucos os empresários que iam para a sala de tortura estimular os torturadores e se envaidecer com a tortura dos nossos companheiros", acrescentou Araújo, citando ainda Nestor Figueiredo, "que está na cúpula da Fiesp até hoje", como responsável pela atuação da entidade. De acordo com ele, a investigação sobre a ação da federação durante a ditadura é importante "politicamente e ideologicamente" porque a "direita raivosa está por aí".
Em resposta ao ex-deputado, Pinheiro disse que o financiamento da repressão durante o governo militar é uma das linhas de trabalho da comissão. Ele reconheceu que é uma "linha delicadíssima", mas reiterou que não considera de "grade valia" divulgar todas as descobertas "a cada momento".
No depoimento durante a audiência pública, Araújo lembrou que foi preso e torturado pela "equipe do [delegado Sérgio Paranhos] Fleury", que na época chefiava a Delegacia de Ordem Polícia e Social (DOPS). Depois disso, ficou "muito tempo" hospitalizado em função das sequelas e em seguida novamente torturado, desta vez pela equipe da Operação bandeirantes (Oban) chefiada pelo "capitão Albernaz".

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