Angelina Jolie estreia como cineasta falando de guerra e amor partido
‘In the land of blood and honey’ estreia no Festival do Rio
0
RIO - Ficou para o último dia do Festival do Rio 2012 o filme que vem
redefinindo a carreira de uma das atrizes mais poderosas de Hollywood
na atualidade: Angelina Jolie. Nesta quinta-feira, no encerramento da
maratona iniciada há 15 dias, o Estação Sesc Botafogo 1 exibe, às
21h30m, “In the land of blood and honey”, primeiro trabalho da
californiana de 37 anos como diretora de longas-metragens de ficção.
Fruto de seu ativismo como Embaixadora da Boa Vontade da ONU, a produção
de US$ 10 milhões é ambientada nos anos 1990, em meio à guerra da
Bósnia, narrando o conflito de um casal fraturado pela violência. Em
entrevista por e-mail ao GLOBO, Angelina fala do filme não como uma
estrela deslumbrada com um brinquedo novo, a direção, e sim como uma
realizadora disposta a fazer cinema com refinamento estético, para
inflamar debates políticos. Como cineasta, ela deixa o glamour de fora.
— Optei por rodar o filme com a câmera na mão, sem tripés ou outros recursos, porque era a melhor forma de transmitir uma sensação de urgência em relação ao conflito que reconstituímos. Queria que a plateia se sentisse inserida no universo que retratamos. Até porque eu não pretendia fazer um tratado político, queria apenas fazer uma reflexão sobre humanidade — diz Angelina, que teve a produção indicada ao Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro em 2011, por ser falada em bósnio e sérvio.
Estimulada por lembranças de juventude acerca da dissolução do território iugoslavo, por meio de batalhas étnicas, Angelina fez questão de ter um elenco de origem eslava no filme, cujo roteiro ela mesma escreveu. Não há rostos hollywoodianos em cena, nem o dela, que só ficou atrás das câmeras, nem o de Brad Pitt, com quem vive há sete anos e que, embora tenha uma produtora, a Plan B, deixou a mulher filmar por conta própria. Rade Serbedzija, de “Antes da chuva” (1994), é o único ator de projeção mundial na produção.
— Escrever o roteiro de “In the land of blood and honey” foi uma tentativa particular de entendimento de uma guerra que a minha geração cresceu acompanhando. Eu não tinha a meta de virar cineasta ou de ser escritora. Mas passei dez anos viajando pelo mundo a serviço da ONU, o que me influenciou muito a buscar temas que fossem universais. Embora meu filme se concentre na Bósnia, ele trata de questões que estão refletidas em muitos outros conflitos, incluindo os que ocorrem neste momento em várias partes do mundo — diz Angelina, que exibiu o longa fora de competição no Festival de Berlim, em fevereiro, onde colecionou elogios pelo rigor visual das sequências de batalha.
Filmado em Sarajevo e Vares, na Bósnia, com locações também na Hungria, “In the land of blood and honey” acompanha o reencontro da bósnia muçulmana Ajla (Zana Marzanovic) com o sérvio Danijel (Goran Kostic) em meio a um conflito armado. Os dois se conheceram meses antes, numa boate, e viveram uma breve paixão, interrompida por um atentado. Quando voltam a se ver, Danijel veste farda e comanda as tropas que expulsam bósnios de suas casas.
— Eu fiz esse filme para analisar as transformações que podem acontecer em tempos de guerra. Queira entender o acontecimento capaz de fazer duas pessoas apaixonadas esquecerem o que eram quando estavam juntas. No elenco, contei com profissionais que foram afetados pela guerra da Bósnia de alguma forma. E foi fundamental que eu escalasse atores de diferentes regiões daquele território (os protagonistas Zana e Kostic são de Sarajevo, já Rade Serbedzija é da Croácia). Era importante que eu levasse para a ficção experiências de vida oriundas dos diferentes lados da guerra — diz Angelina, filha do casal de atores Marcheline Bertrand (1950-2007) e Jon Voight, um dos intérpretes mais politizados dos EUA nos anos 1970.
Planos no Brasil
Presença cativa na lista das mais sexies de Hollywood desde 2000, quando ganhou o Oscar de atriz coadjuvante por “Garota, interrompida”, Angelina fez seu primeiro experimento como diretora em 2007, com o documentário “A place in time”. Lançado no Festival de Tribeca, em Nova York, o filme era uma colcha de imagens captadas em 27 diferentes partes do planeta por amigos famosos da atriz, como Anne Hathaway e Colin Farrell, com a meta de criar um mosaico das contradições culturais contemporâneas. Daquele primeiro exercício, que teve pouca visibilidade fora do circuito de mostras, Angelina adquiriu mais intimidade com a gramática do cinema e seus enquadramentos.
— Pesquisei muito para fazer “In the land of blood and honey”, vendo documentários e filmes de ficção e sobretudo visitando a região. Gosto muito de filmes de guerra, de “O franco-atirador” (de Michael Cimino) a “Dr. Fantástico” (de Stanley Kubrick). Mas meu longa só nasceu quando os povos daquele lugar que eu arrebanhei para trabalhar comigo compartilharam suas opiniões sobre os personagens — diz Angelina, cujo cachê está na casa dos US$ 20 milhões.
Este ano, ela estrelou um filme de fantasia que, por baixo, custou US$ 200 milhões: “Malévola” (“Maleficient”), uma releitura dark da Bela Adormecida, em que interpreta a vilã. Mas não tem projetos como atriz pela frente. Ocupada com a criação de seus seis filhos, Angelina dedica seu tempo livre a escrever roteiros.
— Estou escrevendo algo sobre o Afeganistão e algo sobre o Camboja, mas não sei se essas histórias já estão prontas. Sei que tenho tido muito prazer em pesquisar dados para elas — conta ela, confessando que o maridão Brad Pitt é o primeiro a ler o que escreve. — Ele é muito prestativo. Foi o primeiro a expressar fé no que eu queria contar em “In the land of blood and honey”. Nós dois fizemos um pacto de nunca trabalhar ao mesmo tempo, para que um possa cuidar do outro. Quando estou trabalhando, ele fica perto, dando apoio.
Mas os dois têm um plano juntos para o futuro chamado Brasil:
— Fiquei muito honrada com esse convite do Festival do Rio. Brad e eu falamos sempre de visitar o Brasil. Estamos de olho numa viagem até aí. Para breve — ela promete.
— Optei por rodar o filme com a câmera na mão, sem tripés ou outros recursos, porque era a melhor forma de transmitir uma sensação de urgência em relação ao conflito que reconstituímos. Queria que a plateia se sentisse inserida no universo que retratamos. Até porque eu não pretendia fazer um tratado político, queria apenas fazer uma reflexão sobre humanidade — diz Angelina, que teve a produção indicada ao Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro em 2011, por ser falada em bósnio e sérvio.
Estimulada por lembranças de juventude acerca da dissolução do território iugoslavo, por meio de batalhas étnicas, Angelina fez questão de ter um elenco de origem eslava no filme, cujo roteiro ela mesma escreveu. Não há rostos hollywoodianos em cena, nem o dela, que só ficou atrás das câmeras, nem o de Brad Pitt, com quem vive há sete anos e que, embora tenha uma produtora, a Plan B, deixou a mulher filmar por conta própria. Rade Serbedzija, de “Antes da chuva” (1994), é o único ator de projeção mundial na produção.
— Escrever o roteiro de “In the land of blood and honey” foi uma tentativa particular de entendimento de uma guerra que a minha geração cresceu acompanhando. Eu não tinha a meta de virar cineasta ou de ser escritora. Mas passei dez anos viajando pelo mundo a serviço da ONU, o que me influenciou muito a buscar temas que fossem universais. Embora meu filme se concentre na Bósnia, ele trata de questões que estão refletidas em muitos outros conflitos, incluindo os que ocorrem neste momento em várias partes do mundo — diz Angelina, que exibiu o longa fora de competição no Festival de Berlim, em fevereiro, onde colecionou elogios pelo rigor visual das sequências de batalha.
Filmado em Sarajevo e Vares, na Bósnia, com locações também na Hungria, “In the land of blood and honey” acompanha o reencontro da bósnia muçulmana Ajla (Zana Marzanovic) com o sérvio Danijel (Goran Kostic) em meio a um conflito armado. Os dois se conheceram meses antes, numa boate, e viveram uma breve paixão, interrompida por um atentado. Quando voltam a se ver, Danijel veste farda e comanda as tropas que expulsam bósnios de suas casas.
— Eu fiz esse filme para analisar as transformações que podem acontecer em tempos de guerra. Queira entender o acontecimento capaz de fazer duas pessoas apaixonadas esquecerem o que eram quando estavam juntas. No elenco, contei com profissionais que foram afetados pela guerra da Bósnia de alguma forma. E foi fundamental que eu escalasse atores de diferentes regiões daquele território (os protagonistas Zana e Kostic são de Sarajevo, já Rade Serbedzija é da Croácia). Era importante que eu levasse para a ficção experiências de vida oriundas dos diferentes lados da guerra — diz Angelina, filha do casal de atores Marcheline Bertrand (1950-2007) e Jon Voight, um dos intérpretes mais politizados dos EUA nos anos 1970.
Planos no Brasil
Presença cativa na lista das mais sexies de Hollywood desde 2000, quando ganhou o Oscar de atriz coadjuvante por “Garota, interrompida”, Angelina fez seu primeiro experimento como diretora em 2007, com o documentário “A place in time”. Lançado no Festival de Tribeca, em Nova York, o filme era uma colcha de imagens captadas em 27 diferentes partes do planeta por amigos famosos da atriz, como Anne Hathaway e Colin Farrell, com a meta de criar um mosaico das contradições culturais contemporâneas. Daquele primeiro exercício, que teve pouca visibilidade fora do circuito de mostras, Angelina adquiriu mais intimidade com a gramática do cinema e seus enquadramentos.
— Pesquisei muito para fazer “In the land of blood and honey”, vendo documentários e filmes de ficção e sobretudo visitando a região. Gosto muito de filmes de guerra, de “O franco-atirador” (de Michael Cimino) a “Dr. Fantástico” (de Stanley Kubrick). Mas meu longa só nasceu quando os povos daquele lugar que eu arrebanhei para trabalhar comigo compartilharam suas opiniões sobre os personagens — diz Angelina, cujo cachê está na casa dos US$ 20 milhões.
Este ano, ela estrelou um filme de fantasia que, por baixo, custou US$ 200 milhões: “Malévola” (“Maleficient”), uma releitura dark da Bela Adormecida, em que interpreta a vilã. Mas não tem projetos como atriz pela frente. Ocupada com a criação de seus seis filhos, Angelina dedica seu tempo livre a escrever roteiros.
— Estou escrevendo algo sobre o Afeganistão e algo sobre o Camboja, mas não sei se essas histórias já estão prontas. Sei que tenho tido muito prazer em pesquisar dados para elas — conta ela, confessando que o maridão Brad Pitt é o primeiro a ler o que escreve. — Ele é muito prestativo. Foi o primeiro a expressar fé no que eu queria contar em “In the land of blood and honey”. Nós dois fizemos um pacto de nunca trabalhar ao mesmo tempo, para que um possa cuidar do outro. Quando estou trabalhando, ele fica perto, dando apoio.
Mas os dois têm um plano juntos para o futuro chamado Brasil:
— Fiquei muito honrada com esse convite do Festival do Rio. Brad e eu falamos sempre de visitar o Brasil. Estamos de olho numa viagem até aí. Para breve — ela promete.
Nenhum comentário:
Postar um comentário