domingo, 21 de outubro de 2012

cinema

Brett Anderson fala da volta do Suede, que se apresenta no Brasil

Banda que ajudou a dar um pontapé no Britpop é atração do festival Planeta Terra, em São Paulo



Brett Anderson (à frente) garante que a magia do Suede estava lá quando os músicos se reuniram novamente para tocar, depois de um hiato de sete anos.
Foto: Divulgação
Brett Anderson (à frente) garante que a magia do Suede estava lá quando os músicos se reuniram novamente para tocar, depois de um hiato de sete anos. Divulgação
RIO - E lá se vão 20 anos desde que o Suede apareceu na cena como um alento para o então combalido rock inglês. Com uma sonoridade que atualizava o glam rock dos anos 1970 e uma postura sexualmente ambígua, herdeira de conterrâneos como David Bowie e Morrissey, o grupo do vocalista Brett Anderson acendeu o pavio da explosão Britpop (de Oasis, Blur, Pulp, Verve e incontáveis bandas com nomes curtos) mas quase se foi junto com ela. No fim dos anos 1990, ele viveu um sério problema com drogas (crack, principalmente) e a banda acabou implodindo em 2003.
— Me sinto abençoado de ter tido uma chance de começar tudo de novo — diz por telefone o inglês de 45 anos, que não só se recuperou, como há dois anos voltou com o Suede, que agora se apresenta pela primeira vez no Brasil no festival Planeta Terra, sábado, no Jockey Clube de São Paulo. — Não há nada que tenha acontecido com a banda que não tenha sido inteiramente por minha culpa. Mas agora eu levo uma vida incrivelmente saudável. Não é sempre que você tem uma chance dessas. Hoje, todos os meus esforços são para aquela uma hora e meia de show.
Segundo Brett, ele sempre dizia não às propostas de volta com o Suede. Até que, em 2010, recebeu um convite de ninguém menos que Roger Daltrey, vocalista do The Who, para se apresentar no Teenage Cancer Trust, evento em benefício ao tratamento de câncer que Daltrey ajuda a organizar todo ano no Royal Albert Hall
— Parecia ser a coisa certa a fazer — conta o vocalista. — Achávamos que ia ser a ocasião perfeita, porque se a gente odiasse o show, ao menos ele teria sido feito por uma boa razão. Mas a mágica ainda estava lá.
Um basta às turnês intermináveis
De volta com a formação que tinha ao encerrar as atividades (Brett, o guitarrista Richard Oakes, o baixista Mat Osman, o baterista Simon Gilbert e o tecladista Neil Codling), o Suede caiu na estrada com a condição de que não iria mais embarcar em turnês intermináveis.
— Queríamos fazer algo de que gostássemos — justifica o vocalista. — E uma coisa que queríamos era tocar em países onde nunca havíamos tocado. Lá pela altura dessas datas que nos ofereceram no Brasil, nós já deveríamos ter encerrado a turnê. Assim, tivemos que quebrar nossa própria regra, porque eu queria muito ir aí.
Para a primeira vez no país, Brett promete um set list com os principais sucessos da banda: “The drowners”, “Beautiful ones”, “We are the pigs”, “Metal Mickey”, “Trash”, “Animal nitrate” e por aí vai. Tijolos com o qual construíram uma carreira sólida mas absolutamente particular.
— A cena (do Britpop) que veio depois era realmente muito diferente de nós — acredita Brett. — Éramos uma banda bem mais estranha e complicada que as outras. Mais do que tudo, fomos a primeira banda em muito tempo a ser alternativa e, ao mesmo tempo, a querer pop e internacional. O Reino Unido tem uma longa história de estrelas pop muito estranhas.
A temática das drogas e da sexualidade ampla e irrestrita (a capa do primeiro álbum, “Suede”, tem a foto de um casal de mulheres num apaixonado beijo) adotada por Brett em letras e em suas declarações foi merecedora de uma boa dose de polêmica nos primeiros tempos de sucesso do Suede.
— Eu fiquei muito surpreso que aquilo tudo tenha sido tão chocante. De verdade. — jura ele. — Se você vive em uma cidade como a nossa e tem menos de 40 anos de idade, essa é a sua realidade. É o mesmo em São Paulo, no Rio... Nunca buscamos a polêmica. E, se por acaso a quiséssemos, teríamos sido muito mais polêmicos. Tento escrever sobre mim, sobre as pessoas em volta e sobre as coisas que vi. Não, aquilo não era chocante na época e nem é hoje.
Novo disco a caminho
Brett conta que um novo álbum (o sexto da banda) está quase pronto. Mas essas canções inéditas, os brasileiros só ouvirão ao vivo quando eles voltarem para tocar no país (o que, ele espera, seja em breve). O que o artista descarta mesmo é a volta do guitarrista Bernard Butler, que gravou os dois primeiros álbuns da banda e era seu parceiro de composição. Fora do grupo desde 1994, Bernard fez as pazes com Brett (os dois chegaram a ter uma banda, The Tears, entre 2004 e 2006), produziu um disco de sucesso da cantora Duffy e, recentemente, ajudou a fazer a remasterização dos álbuns do Suede.
— Voltar ao Suede não é o tipo de coisa que ele queira — adianta Brett Anderson. — Acho que Bernard nem gosta mais de tocar ao vivo. Sinceramente, o que ele gosta mesmo é de estar no controle das coisas. Estive com ele há alguns dias, ele sabe que estamos fazendo um novo disco do Suede e provavelmente vai adorá-lo.

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